sábado, 4 de outubro de 2025

SUPLEMENTO EXPRESSO | «Sustentável ou não: eis a questão»



«Não faltam no país exemplos de boas práticas. Mas também temos pesados desafios por resolver

Texto Miguel Prado Ilustração Paulo Buchinho

A sustentabilidade é “todo o equilíbrio social, económico e ambiental”, resume Diogo Caetano, da associação ambientalista Amigos dos Açores. A ilha de São Miguel é um de muitos locais do país onde o crescimento do turismo reforçou a necessidade de adotar medidas para conciliar os interesses de uma fileira com as necessidades das comunidades locais.

Hoje a sustentabilidade domina as preocupações de muitos decisores, dos líderes políticos, que respondem perante o eleitorado, aos gestores, que prestam contas aos acionistas. Nos mercados financeiros globais, nunca se emitiu tanta “dívida verde” como em 2024. Cada vez mais os bancos querem ver o que estão os clientes empresariais a fazer pela sustentabilidade. “Isso tem impacto no custo de financiamento”, observa Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente e sócio da consultora Shiftify.

Mas, ao mesmo tempo que crescem as emissões de dívida indexada a metas de sustentabilidade, permanece alguma desconfiança dos consumidores face aos rótulos verdes e às empresas que se vendem como amigas do ambiente sem o serem de facto (o chamado greenwashing). Apesar da popularidade dos pergaminhos de sustentabilidade, cá dentro e lá fora são muitos os desafios que enfrentamos para promover um mundo ambientalmente mais limpo e socialmente mais justo e inclusivo, sem pôr em causa a viabilidade económica dos projetos necessários para criar emprego duradouro.

A demógrafa Maria João Valente Rosa pede, num artigo que pode ler neste especial, “realismo corajoso, em vez de estratégias míopes e oportunistas”, porque, defende, “a demografia não é insustentável”. Porém, com a produção de combustíveis fósseis ainda a crescer no planeta, pondo em causa as metas climáticas de combate ao aquecimento global, o quadro que temos dá poucas garantias de que estejamos a fazer tudo ao nosso alcance em prol da sustentabilidade. E nas cidades não basta eletrificar todos os carros para termos urbes verdadeiramente sustentáveis. Aperte o cinto. O caminho é longo».


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