A 25 de Junho de 2017, quase três anos antes da pandemia, Fareed Zakaria teceu a seguinte previsão no seu programa televisivo na CNN: «Uma das maiores ameaças que os Estados Unidos têm de enfrentar não é, de todo, grande. Na verdade, é minúscula, microscópica, dezenas de vezes mais pequena do que a cabeça de um alfinete. Patogénicos mortíferos, quer produzidos pelo homem quer naturais, podem desencadear uma crise de saúde global e [nós] não estamos nada preparados para lidar com isso. [...] As nossas cidades a abarrotar, as guerras, os desastres naturais e as viagens aéreas internacionais podem levar a que um vírus mortal com origem numa pequena aldeia em África seja transmitido e chegue a todo o mundo em apenas 24 horas [...]. A biossegurança e as pandemias globais ultrapassam todas as fronteiras nacionais. Os agentes patogénicos, os vírus e as doenças são igualmente assassinos. Quando a crise estalar, vamos desejar ter mais fundos e uma maior cooperação global. Mas, nessa altura, talvez seja demasiado tarde.». Saiba mais.
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Sobre o livro no semanário Expresso de 28 NOV 2020:
«Dar um passo atrás para olhar
o lugar onde estaremos depois de controlada a pandemia é o exercício que Fareed
Zakaria faz neste livro. Não há traço de adivinhação nem de futurologia nesta
análise do que vai resultar da aceleração provocada pela pandemia de covid-19.
Uma das caras mais conhecidas da CNN, não só por ser o anfitrião do programa
“GPS” mas pela análise política projetiva a que nos habituou, Zakaria é ele
próprio um exemplo da “narrativa alternativa” que propõe: reconhecendo a
multiplicidade de pontos de vista que coexistem no país que o acolheu, chegado
de Bombaim nos anos 70, escolhe a América aberta e disponível à abertura ao
exterior. A ideia fundamental do livro é que está a acontecer um “realinhamento
político fundamental”. Tal como disse em entrevista ao Expresso: “Estamos a
passar da velha política de esquerda-direita, que se organizava em sentido lato
em torno da economia, e dirigimo-nos para uma política dividida entre abertura
e fechamento.” Para o jornalista e cientista político, é evidente que a tensão
dos próximos tempos será atualizada entre as “pessoas que querem manter o mundo
aberto a produtos, ideias, pessoas, culturas” e as “pessoas que o querem
fechar, ter um mundo mais protegido”. Não restam dúvidas ao autor de que a
China será um grande desafio para quase todos os países do mundo e que a melhor
maneira de preparar o futuro de forma competitiva passará por haver governos
com abertura ao multilateralismo que sejam capazes, ao mesmo tempo, de proteger
os seus povos. Proteger no sentido de os munir com instrumentos capazes de
absorverem o impacto de grandes alterações futuras, isto é, educação e
formação. Pelo caminho, passam pela análise fina de Fareed Zakaria as causas
que desembocaram nas dualidades radicais do presente e na crescente
desigualdade do mundo que, diz, “está a tornar-se bipolar”. Livro de leitura
altamente recomendável. / CRISTINA
PERES».
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