quinta-feira, 19 de novembro de 2020

«Cultura e desenvolvimento sustentável»

 


O artigo da imagem levou-nos imediatamente a uma conferência havida em 2015, em que estivemos presente, e de que existe relatório:


e  a procurar o que tínhamos sublinhado da intervenção do Presidente JORGE SAMPAIO e divulgado no blogue Em Cada Rosto Igualdade:
«Sabemos que, em setembro último, a comunidade internacional endossou a nova Agenda dos Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável, que à escala mundial irá enquadrar e unificar no plano dos propósitos, todas as ações de cooperação a levar a cabo nos próximos 15 anos, e que envolverá um leque muito variado e abrangente de atores. Dada a importância e o impacto deste novo normativo, pois é disso mesmo que se trata, como bem sublinha Jeffrey Sachs no seu recente trabalho sobre a era do desenvolvimento sustentável, importa refletir sobre a visão que lhe está subjacente, os objetivos propostos e os instrumentos à disposição para a realização dos mesmos. 

Permito-me, portanto, algumas notas sobre esta nova Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, antes de algumas reflexões mais de fundo sobre a questão transcendental, no sentido que lhe dava o filósofo Emmanuel Kant, da possibilidade do desenvolvimento sustentável.
 Dividirei portanto em duas partes estas breves observações introdutórias: a nova agenda para 2030 e o desenvolvimento sustentável. Esta nova agenda, embora mais ambiciosa que a precedente, apresenta uma significativa continuidade em relação aos objetivos de desenvolvimento do milénio, sendo a meu ver um fator positivo, encorajante e reforçador da capacidade de mudança. De facto, no contexto de grande precariedade e de recursos limitados, a estratégia ganhadora é a que não desperdiça nem realizações, nem meios existentes, mas antes procura potenciar os resultados alcançados, e corrige o que não deu certo ou redundou em fracasso. No momento em que o mundo atravessa grandes desafios geopolíticos, com uma economia volátil, políticas titubeantes e lideranças pouco afirmativas, importa seguir uma estratégia de pequenos passos, mas seguros, acordando em objetivos realizáveis com meios disponíveis. Ou seja, é tempo de menos retórica, mais realizações e atuação concertada. 
No entanto, não nos iludamos, pois realizar os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável enunciados e as suas 169 metas nos próximos quinze anos - os quais no fundo visam a construção de sociedades prósperas, inclusivas, e sustentáveis do ponto de vista ambiental - exigirá uma enorme disciplina, firmeza de propósitos e uma vontade política coletiva inabalável. Acresce que será indispensável manter mobilizadas as opiniões públicas, quer seja ao nível local, nacional, regional ou mundial. Aliás, o objetivo é tanto maior, quando se considera agora como um dos objetivos a alcançar, e de forma muito explícita, a questão da boa governação, como uma espécie de quarto pilar do desenvolvimento sustentável.
 Seremos capazes? - pergunta-se. Estaremos à altura? É tudo menos adquirido. Mas estou certo de que, apesar da via ser estreita, podemos pelo menos fazer progressos consideráveis nas várias frentes. Mas para isso é preciso começar a trabalhar já e, sobretudo, a trabalhar melhor. Continue a ler na página 15 do relatório. (o destaque é nosso).
E lembramos também a discussão havida sobre a ausência  de um ODS próprio para a CULTURA: na generalidade todos consideravam ser uma lacuna. A nosso ver, a questão da transversalidade registada no artigo do DN pode aplicar-se aos demais. Hoje tudo é interdependente. A abordagem tem de ser sistémica. Retemos a referência à «Governação» na intervenção do Presidente Jorge Sampaio. E também o facto de a isso não se aludir no artigo pretexto deste post. Tudo cruzado, e atendendo às reflexões entretanto havidas e em curso - por exemplo sobre a governação -, não  será difícil aceitar esta formulação para o Desenvolvimento Sustentável:

No terreno as coisas já avançam neste sentido, de forma desigual, mas avançam ...
E uma boa ocasião para visitar o site da UNESCO:



 De lá:«No development 
can be sustainable
 without including culture».

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